quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Uma das coisas que fascinam na cidade de São Francisco é
que ela está localizada sobre a falha de San Andréas,
que provoca pequenos abalos sísmicos de vez em quando,
e grandes terremotos de tempos em tempos.

Assim também são as pessoas
interessantes: têm falhas.

Pessoas perfeitas são como Viena,uma cidade linda,
limpa,onde tudo funciona e você quase morre de tédio

Pessoas, como cidades, não precisam ser excessivamente bonitas.
É fundamental que tenham mais sinais de expressão no rosto,
um nariz com personalidade,
um vinco na testa que as caracterize

Pessoas, como cidades, precisam ser limpas,
mas não ao ponto de não possuírem máculas.
É preciso suar na hora do cansaço,
é preciso ter um cheiro próprio,
uma camiseta velha para dormir,
um jeans quase transparente de tanto que foi usado,
um batom que escapou dos lábios depois de um beijo,
um rímel que borrou um pouquinho quando chorou.

Pessoas, como cidades, têm que funcionar,
mas não podem ser perecíveis.
De vez em quando, sem abusar
muito da licença, devem ser insensatas, ligeiramente passionais,
demonstrar um certo desatino, ir contra prognósticos,
cometer erros de julgamento e pedir desculpas sempre,
para poder ter crédito e errar outra vez.

Pessoas, como cidades,
devem dar vontade de visitar,
devem satisfazer nossas
necessidades de viver momentos
sublimes, devem ser calorosas,
ser generosas e abrir suas portas.
Devem nos fazer querer voltar,
porém não devem nos deixar
100% seguros, nunca!

Uma pequena dose de apreensão e cuidado devem provocar.
Nunca deve-se deixar os outros
esquecerem que pessoas,
assim como cidades,
têm rachaduras internas,
portanto, podem surpreender
Falhas...
Agradeça as suas, que é o que
humaniza você, e nos fascina!

Crônica do livro
“Montanha Russa” / Autora: Martha Medeiros
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